"A sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação." [Zygmunt Bauman]
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
FRAUDES COM CARTÕES CRESCEM NA BAHIA
Defesa do Consumidor
Fraudes com cartões crescem na Bahia
Estado registra aumento de 10% das queixas enquanto prejuízos chegaram a R$ 31 milhões no País
LUCIANA REBOUÇAS
Saltou de R$2milhões para R$ 31 milhões o prejuízo causado por clonadores de cartões de crédito e débito no Brasil. A estimativa é da Horus, empresa de controle e prevenção de fraudes em meios eletrônicos, e os dados se referem ao primeiro semestre de 2008, em comparação com 2009.
Não há dados regionais, mas, pelas estatísticas policiais, é fácil perceber que na Bahia a situação não é diferente: já foram registradas 338 ocorrências até agosto deste ano. Houve um aumento de 10% nas queixas em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo informações da Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outra Fraudes (Dreof).
Eduardo Daghun, sócio-diretor da Horus, faz um alerta sobre os números nacionais: “Esta é apenas a ponta do iceberg”, comenta. Segundo ele, o número reflete um termômetro do que está acontecendo.
Os dados foram coletados em notícias divulgadas na imprensa neste período. Nem a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs), nem a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgam números sobre as perdas financeiras.
Golpe tecnológico A maior parte deste prejuízo é resultado de ações em caixas eletrônicos. Na internet, as fraudes ainda são mais difíceis de ser detectadas, e muitos criminosos têm deixado de assaltar bancos à mão armada para aplicar estes golpes tecnológicos, que são mais seguros para o ladrão, segundo analisa Daghun.
“São necessárias iniciativas em conjunto para banir estas fraudes. Não basta apenas uma instituição financeira se cercar de tecnologias de segurança.
Desta forma, a fraude acaba migrando de um meio de pagamento para outro”, comenta o consultor.
Falsidade ideológica Clonagens de cartões de crédito são responsáveis por 70% das fraudes. Outro crime comum é o de falsidade ideológica, no qual o estelionatário usa os dados de outra pessoa para fazer cartões e solicitar financiamentos e empréstimos.
“Os bancos estão investindo muito em cartões de chip, porque os de tarja magnética já não são mais seguros”, informa Daghun sobre o combate à clonagem.
Segundo informações divulgadas pela assessoria da Febraban, os bancos investem anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão em sistemas de segurança eletrônica e mais R$ 7,5 bilhões em segurança física.
Para a federação, as fraudes ocorridas na rede acontecem basicamente pela vulnerabilidade do cliente e não dos sites bancários.
“No caso dos crimes cibernéticos, o golpe comum é ode enviar um e-mail a milhares de usuários com mensagens do tipo ‘Você está sendo traído’, ‘Seu nome está na lista do Serasa’ ou‘Saudades de quem te ama’, que remetem a itens (anexos, por exemplo) que, se clicados, acionam mecanismos capazes de espionar a máquina dos usuários”, orienta a entidade.
Para especialistas em defesa do consumidor, na maioria dos casos, o responsável em arcar com os prejuízos da fraude é o banco, ou o cartão de crédito. Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor Pro Teste, acrescenta que independente dos projetos de lei que vêm sendo debatidos, o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC)assegura que os fornecedores são responsáveis pela segurança dos clientes.
De quem é a culpa? Se o consumidor ceder os dados do seu cartão de crédito para sites sem a certificação digital – um cadeado que aparece na parte inferior do site –, ele tem uma parcela de culpa na fraude. Este é o alerta de Flávia Marimpietri, coordenadora da Diretoria de Assuntos Especiais do Procon-BA, que reforça que se a pessoa for vítima de um golpe informar imediatamente à polícia.
“Ele vai cancelar as compras indevidas com a empresa e tentar resolver amigavelmente a situação. Caso a instituição não o faça, a vítima pode dar uma queixa no Procon, ou recorrer a um Juizado”, esclarece Flávia. O consumidor pode escolher pelo Juizado se quiser solicitar alguma indenização pelos danos sofridos.
Joana Angélica Santos, delegada titular da Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outras Fraudes, reforça que o papel do cidadão para evitar as fraudes é fundamental.
Uma das recomendações é não emprestar o cartão a terceiros e preferir o uso de cartões de crédito com senhas, ao invés daqueles em que é necessário assinar. “Os cartões de chip são mesmo mais seguros, são nos cartões com tarja magnética que temos a maioria das ocorrências”, assegura a delegada. Sobre planos de combate às fraudes, Joana Angélica pede colaboração da sociedade.
“A parte lesada tem que vir até aqui”.
FONTE : JORNAL A TARDE
EQUIPE: MILENA ANDRADE E GENIVALDO ARANHA - FACET 10.2
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